sábado, 23 de julho de 2011

FINAL DA COPA AMÉRICA: FAÇAM SUAS APOSTAS

Por Germano "Iceman" Neres*






Amanhã se encerra mais uma edição do principal certame de seleções do continente. Tecnicamente a Copa América não foi o primor que todos esperavam, muito pelo contrário, foi a mais maluca das edições. Em um país onde o Baseball é o esporte número 1 – nada contra, por favor -, a Venezuela se mostrou em franca evolução, mas convenhamos que, para um país que durante anos foi o saco de pancadas do certame, pior do que estava não poderia ficar, sendo assim, qualquer coisa diferente e para melhor que a seleção “Viño Tinto” fizesse no torneio, como uma troca de três passes sem erros, ou um chute na direção do arqueiro adversário já deveria ser assim reconhecida como evolução, mas a seleção de Hugo Chávez fez mais, e por pouco, por muito pouco não foi finalista da competição perdendo para o Paraguay somente nas penalidades, mas de qualquer maneira passou o cetro de “Íbis do certame” agora para a seleção da Bolívia. Há quem fale na evolução da seleção peruana também, mas essa eu não abraço. O Peru sim foi a zebra da competição e foi longe nesta Copa América muito mais por incompetência de seus adversários – a Colômbia que o diga – do que por seus próprios méritos, ainda assim dois de seus jogadores, aliás, os únicos que podemos mesmo chamar de futebolistas, mostraram bola no corpo mesmo jogando em um time medíocre, são eles: Juan Vargas e Paolo Guerrero. Vargas comandou o meio-campo peruano com sua habilidosa canhota e Guerrero foi o autor de todos os tentos peruanos no certame. Vale lembrar que a seleção peruana estava desfalcada de outros dois de seus poucos bons jogadores, Farfán e Pizarro, que lesionados, não foram para a Argentina. O melhor da seleção peruana na verdade estava na torcida, as “modelos” Irina Grandéz e Daysi Araujo (foto) eram os únicos dois motivos – ou seriam quatro motivos (sic) - que eu tinha para assistir aos jogos do Peru, e ainda assim tinha de torcer para que Paolo Guerrero marcasse para que a alegria das meninas fosse, digamos, total.




A FINAL DO CERTAME



A seleção paraguaia chegou até a final sem vencer um cotejo sequer, foram empates na 1ª fase,e empates no “mata-mata” com vitórias nas penalidades com destaque sempre para o arqueiro Justo Villar, que não basta segurar tudo nos 120 minutos, ainda se garante defendendo penalidades e assim conduziu sua seleção nas vitórias contra Brasil e Venezuela. Os paraguaios têm em seu arqueiro, e na sua primeira linha defensiva, composta por Piris (reforço do São Paulo), Alcaraz, Da Silva e Verón, o seu ponto mais forte. Seu ataque não funcionou nessa Copa América conforme o esperado, desde o afastamento de Salvador Cabañas da seleção, o Paraguay sofre para encontrar um substituto. Tenta compor a dupla de ataque com Roque Santa Cruz, a eterna promessa que não vingou, e Lucas Barrios (foto), artilheiro que conduziu o Borussia Dortmund na conquista da última Bundesliga na Alemanha, mas ambos sofrem do mesmo mal que aflige muitos jogadores, o de não render em suas seleções o mesmo que rendem em seus clubes. Principalmente Barrios, que não mostrou a que veio neste certame. O meio-campo paraguaio é muito combativo, porém pouco criativo, e sofrem disto já há bastante tempo, Cabañas desempenhava esta dupla função, de recuar para o meio para armar o time, e ainda chegar à frente para concluir. Mais ou menos ele fazia o seguinte: soltava o rojão e ainda ia buscar a vareta. Coisa que neste grupo atual do Paraguay ninguém faz. Ainda assim, vejo um jogo em que o Paraguay vai complicar demais a vida do Uruguay justamente por seu sistema defensivo eficiente, resta saber se terá pernas o suficiente para acompanhar a intensidade charrua nos 90 minutos, ou mesmo nos 120. A baixa Guarany está no banco, suspenso na última quinta-feira pela CONMEBOL, devido a sua expulsão no jogo contra a Venezuela em Mendoza, o técnico Gerardo Martino não poderá comandar sua equipe do reservado.

A seleção do Uruguay chegou à Argentina como um dos favoritos ao título e chega à decisão como tal. Aliás, é a única das seleções ditas favoritas que permaneceu no certame e tem agora a grande chance de consagrar uma geração inteira, que “ressuscitou” o futebol, o orgulho de um país apaixonado por futebol, e a alegria do torcedor uruguaio de torcer por sua Celeste Olímpica. Oscar Tabarez é o comandante fora de campo e gerencia toda esta reação desde as seleções de base, é a pedra fundamental do renascimento Charrua no cenário futebolístico. E dentro de campo tem um time, não uma seleção. “Seleção” é a brasileira, que os caras se conhecem no aeroporto e passa a impressão de que nem se falam seja em campo ou fora dele. O grupo uruguaio é diferente e todos que convivem próximos do ambiente deles dizem o mesmo. Forlán essa semana respondeu a um repórter que perguntou sobre o segredo da boa fase da seleção uruguaia: “A palavra ‘amigo’ é muito difícil de dizer no meio do futebol. No ambiente de seleção é mais difícil ainda, mas aqui posso falar por todos sem receio algum, que a palavra mais falada dentro e fora de campo, e até demonstrada sem precisar falar, é AMIZADE.” Disse. E ainda completou: “eu nunca vivi em clube algum um ambiente sequer parecido com o que estou vivendo na seleção nos últimos anos, somos um time de futebol, mas antes disso somos um time de amigos!”

As palavras de Forlán apenas reforçam o que a gente assiste nos jogos do Uruguay. É realmente um TIME, e de AMIGOS, um joga pelo outro, todos jogam por Tabarez, e assim, jogam pelo seu país. No Uruguay, todos dizem que os méritos do “renascimento” são de Oscar Tabarez, mas que dentro de campo há um símbolo disso tudo: Diego Lugano (foto), o capitão da equipe. Lugano é o que chamo de “Senhor Zagueiro”, daqueles que jogam quando tem de jogar, dão chutões quando seus recursos técnicos não são o suficiente para acabar com a jogada adversária, e batem literalmente quando a situação assim pede. Lugano é o coração e a alma da equipe e todos sabem e o respeitam por isso, não à toa o chamo de "Obdulio Varela do século XXI", por sua personalidade dentro e fora de campo para comandar o grupo. Obdulio Varela era o capitão do time Charrua que venceu o Brasil na final da Copa de 1950, naquele que é considerado o maior desastre do futebol brasileiro, e que os uruguaios chamam carinhosamente de "El Maracanazzo", reza a lenda, de que Varela comandou aos berros a reação Charrua no Maracanã fazendo assim com que o Uruguai virasse a partida. Lugano é o digno capitão, e tem o que chamo de “personalidade de capitão”. Durante essa semana que antecedeu a final pude assistir a todo o assédio da imprensa e por isso trago para cá os relatos dos atletas, e Lugano, que já tinha toda a minha admiração e respeito pelo jogador que é, passou a ter ainda mais. Perguntado sobre as suas qualidades como capitão da equipe, ele simplesmente disse: “Não sei nem se tenho essas qualidades todas, apenas oriento meus companheiros e de vez em quando, porque todos sabem o que fazer em campo, eu falo apenas por ser meu jeito de jogar, não jogo e nunca joguei calado, eles é que me aturam assim.” Respondeu com um breve e raro sorriso. Lugano esteve várias vezes para vir jogar no meu Grêmio ou no Internacional, há cerca de um mês o Grêmio foi novamente sondá-lo na Turquia, onde defende o Fenerbache, recebeu o dirigente do Grêmio, mas respondeu que caso volte ao Brasil será apenas para defender o São Paulo, onde jogou e foi projetado no futebol. Mais um motivo que tenho para respeitá-lo ainda mais, além de grande futebolista, é leal e grato.

Liderada dentro de campo por Lugano, a Celeste tem no conjunto o seu maior trunfo para erguer pela 15ª vez a Copa América e se sagrar assim, a maior vencedora do certame passando a Argentina, maior rival, em sua própria casa. O arqueiro Muslera vem pegando tudo o que nunca pegou na vida, a linha defensiva, com Cáceres, Lugano, Coates e Maxi Pereira é sólida e tranqüila, principalmente no jogo aéreo, o meio-campo tem em Arévalo Rios e Diego Perez dois centro-médios que vem realizando uma extraordinária Copa, o primeiro, aliás, foi inexplicavelmente dispensado pelo Botafogo ainda antes do início da competição e já acertou sua transferência para o futebol mexicano, e Perez vem jogando demais desde o mundial do ano passado. Na articulação, os Álvaros, González e Pereira dão a estabilidade e a consistência necessária para que Diego Forlán e Luis Suarez desempenhem o seu melhor e marquem os gols. A Celeste Olímpica está pronta para o confronto, que pode ser o derradeiro desta geração, e por isso jogarão tudo o que podem e até o que não podem para deixar o gramado com a taça em suas mãos. Seria a coroação dessa geração que reergueu o futebol e o orgulho de um país tão tradicional no esporte.

Minha torcida é pelo Uruguay, já era desde antes de o certame começar, foi assim no mundial da África do Sul e será agora. Apenas temo por alguns ingredientes que sempre aparecem no futebol para contrariar tudo e todos, como, por exemplo, o fato de o Paraguay não vencer o Uruguay há 64 anos (13 partidas), normalmente, quando se tem um tabu tão longo, ele espera uma data bem especial para se quebrar, espero que não seja amanhã esta tal data.

O outro ingrediente que me preocupa é a arbitragem. O brasileiro Sálvio Espínola Fagundes foi escalado para apitar a decisão, e só espero que ele não apite esse jogo como apita no campeonato brasileiro, parando o jogo a toda hora anotando umas faltinhas desnecessárias que só atrapalham o espetáculo. Não entendi porque não escalaram um árbitro colombiano ou até um árbitro argentino para apitar, seria bem mais aceitável, até pela semelhança de cultura no futebol, onde eles deixam o jogo correr mais solto. A arbitragem realmente é minha maior preocupação para esta decisão, e não vou me surpreender se Sálvio distribuir cartões para todos os lados e estragar a festa. Acho que jogo igual ao de Argentina x Uruguay, sem frescuras, sem faltas à brasileira, e sem árbitro querendo aparecer mais que os atletas não teremos tão cedo.

É esperar pra ver, o cotejo começa às 16 horas, horário de Brasília. Façam suas apostas, e que tenhamos uma grande final de Copa América.



E que tenhamos todos um ótimo final de sábado e ótimo domingo!

Até…




*Germano "Iceman" Neres é blogueiro do POLIVALENTE e colaborador semanal do Miojo Genérico.

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